1. (ENEM 2016) Nunca
nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as
demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver
toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter tido
todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo
sólido sobre o que nos é proposto, Assim, de fato, pareceríamos
ter aprendido, não ciências, mas histórias.
DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São
Paulo: Martins fontes, 1999.
Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de
modo crítico, como resultado da
A) investigação de natureza empíricas
B) retomada da tradição intelectual.
C) imposição de valores ortodoxos.
D) autonomia do sujeito pensante. X
E) liberdade do agente moral.
2. (ENEM 2016)
Texto I
Fragmento
B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar
duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança,
dispersa e de novo reúne.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza).
São Paulo; Abril Cultural, 1996 (adaptado)
TEXTO II
Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é
ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem
será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é
perecer? Como poderia gerar-se?
Parmênides. Da natureza.
São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado)
Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se
insere no campo das
A) investigações do pensamento sistemático.
B) preocupações do período mitológico.
C) discussões de base ontológica. X
D) habilidades da retórica sofística.
E) verdades do mundo sensível.
3. (ENEM 2016) Ser moderno é
encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento,
autotransformação e transformação das coisas em redor – mas ao
mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que
sabemos, tudo o que somos. A experiência ambiental da modernidade anula
todas as fronteiras geográficas e raciais, de
classe e nacionalidade: nesse sentido, pode-se
dizer que a modernidade une a espécie humana. Porém, é uma
unidade paradoxal, uma unidade de desunidade.
Bermam, M. Tudo que é sólido se desmancha no ar.
A aventura da modernidade. São Paulo; Cia. Das Letras, 1986 (adaptado)
O texto apresenta uma interpretação da modernidade que a caracteriza
como um(a)
A) dinâmica social contraditória. X
B) interação coletiva harmônica.
C) fenômeno econômico estável.
D) sistema internacional decadente
E) processo histórico homogeneizador.
4. (ENEM 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem
vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada
existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas
segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma
vida de acordo com essa doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do
que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães,
nada deixando ao arbítrio dos sentidos.
Laércio, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora
UNB, 1988.
O ceticismo conforme sugerido no texto caracteriza-se por:
A) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.
B) Atingir verdadeiro prazer como princípio e o fim da vida feliz.
C) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza. X
D) Aceitar o determinismo e ocupar-se com esperança transcendente.
E) Agir de forma virtuosa e sábia afim de enaltecer o homem bom e belo.
5. (ENEM 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande
tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e
com ela circulou uma crença: tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso
trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos
os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo encima de nós, as
nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes
secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os
abismos não nos querem tragar!
NITZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Rio
de Janeiro: e de ouro, em 1977.
O texto exprime uma construção alegórica e traduz o entendimento da
doutrina Niilista, uma vez que
A) reforça a liberdade do cidadão.
B) desvela os valores do cotidiano.
C) exorta as relações de produção.
D) destaca a decadência da cultura. X
E) amplifica o sentimento de ansiedade.
6. (ENEM 2016)
Ser ou não ser – eis a questão.
Morrer-dormir – Dormir! Talvez sonhar aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: é essa a reflexão
Que se dá à desventura uma vida tão longa.
SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto
Alegre: L&PN, 2007.
Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao
enfatizar a tensão entre
A) consciência de si e angústia humana. X
B) inevitabilidade do destino em certeza moral.
C) tragicidade da personagem e ordem do mundo.
D) racionalidade argumentativa e loucura iminente.
E) dependência paterna e impossibilidade de ação.
7. (ENEM
2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos
advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém
prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna
herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São
Paulo: Martins fontes, 2005.
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica
ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à
A) consagração de relacionamentos afetivos.
B) administração da independência interior. X
C) fugacidade do conhecimento empírico.
D) liberdade de expressão religiosa.
E) busca de prazeres efêmeros.
ENEM – Questões de filosofia - 2015
1- Questão 05 – ENEM2015
Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico,
psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da
sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário
entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
Beaouvoir, S. O segundo sexo. Riode Janeiro: Nova
Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a
proposição de Simone de Beaouvoir contribuiu para estruturar um movimento
social que teve como marca o(a):
a) ação do Poder
Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder
Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de
protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos
religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de
políticas governamentais para promover ações afirmativas.
Na área da disciplina
filosofia, esta questão envolve os seguintes eixos temáticos, dentre outros:
Existencialismo;
Filosofia política;
Ética e moral;
Natureza e cultura;
Relações de gênero.
A resposta correta é a letra C. Simone de Beouvoir foi ativista
feminina e escritora. Preocupou-se sobretudo em desnaturalizar o conceito de
"feminino", mostrando tratar-se de uma construção social num contexto
de dominação do gênero masculino. E por isso, suas ideias influenciaram as
lutas feministas que exigia e exige direitos iguais entre homens e mulheres.
2- Questão 11 – ENEM2015
A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a
proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário
deter-nos e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque
essa proposição anuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar,
porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela,
embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é
um.
NIETZSCHE, F. Crítica
moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
O que, de acordo com
Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?
a) O impulso para
transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades
racionais.
b) O desejo de
explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.
c) A necessidade de
buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.
d) A ambição de
expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.
e) A tentativa de
justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.
A questão trabalho os
seguintes temas relacionados à filosfia, dentre outros:
História da filosofia
pré-socrática;
Origem da filosofia;
Filosofia X mito.
A alternativa correta é a letra C. Nietzsche refere-se a um grupo de
filósofos pré-socráticos chamados de filósofos da natureza, naturalistas, ou
filósofos da phýsis. Esses buscavam a realidade primeira
fundamental numa perspectiva cosmológica. Nietzsche valoriza os pré-socráticos
por investigarem o real de forma racional, sem "imagem e fabulação"
próprias da mitologia.
3- Questão 20 – ENEM2015
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do
espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestadamente mais
forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se
considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é
suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar
algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar.
HOBBES. T. Leviatã. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
Para Hobbes, antes da
constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto,
eles
a) entravam em
conflito.
b) recorriam aos
clérigos.
c) consultavam os
anciãos.
d) apelavam aos
governantes.
e) exerciam a
solidariedade.
Esta questão trabalha
o tema Filosofia política.
A alternativa correta é a letra A. Em sua filosofia, Thomas Hobbes
sustentou uma concepção pessimista de ser humano. Em estado de natureza, o
homem se revela uma índole egoísta, inclinado ao conflito. O filósofo afirma
que antes da constituição da sociedade civil dominava o estado de guerra de
todos contra todos.
4- Questão 23 - ENEM2015
O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária
preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra
constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica.
Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.
VERNANT, J.P. As origens do
pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).
Na configuração
política da democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha
por função
a) agregar os
cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade.
b) permitir aos
homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados.
c) constituir o lugar
onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da
comunidade.
d) reunir os
exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso
de guerra.
e) congregar a
comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em
assembleias.
Esta questão envolve
conhecimentos de filosofia grega, política, democracia ateniense, constituição
da pólis, etc.
A resposta correta é a alternativa C. Para os gregos, a ágora era
a praça central da pólis, na qual se reuniam os cidadãos.
Atenas passava por um período democrático e na Eclésia (assembleia
dos cidadãos) os cidadãos se reuniam para decidir sobre os assuntos de
interesse público, que configurava a prática de uma democracia direta.
5- Questão 29 - ENEM2015
Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum
dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio,
que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não
chegaria ao fim do destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao
porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação.
Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a
própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o
homem de um dirigente para o fim.
AQUINO. T. Do reino
ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de
Santo Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).
No trecho citado,
Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de
a) refrear os
movimentos religiosos contestatórios.
b) promover a atuação
da sociedade civil na vida política.
c) unir a sociedade
tendo em vista a realização do bem comum.
d) reformar a
religião por meio do retorno à tradição helenística.
e) dissociar a relação
política entre os poderes temporal e espiritual.
Esta questão aborda a
filosofia medieval, especialmente das ideias da escolástica.
A alternativa correta é a letra C. Tomás de Aquino é um
teólogo-filósofo da Idade Média. Seu objetivo é justificar a autoridade dos
reis, pois esta era a forma de governo predominante na Europa medieval, sendo -
ao menos em tese -, direcionada a realização do bem comum.
6- Questão 34 - ENEM2015
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam
que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu
entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido
ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não
passavam de invenções humanas.
RACHELS, J. Problemas da
filosofia. Lisboa: Gradva, 2009.
O sofista Trasímaco,
personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão,
sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de
a) determinações
biológicas impregnadas na natureza humana.
b) verdades objetivas
com fundamento anterior aos interesses sociais.
c) mandamentos
divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.
d) convenções sociais
resultantes de interesses humanos contingentes.
e) sentimentos
experimentados diante de determinadas atitudes humanas.
A questão trabalha
assuntos relacionados à política grega, às ideias dos sofistas, à ética, etc.
A alternativa correta é a letra D. O sofista Trasímaco entendia que
a justiça não era mais do que a conveniência do mais forte, ou seja, de acordo
com os seus interesses. De fato, Sócrates fazia oposição aos sofistas
justamente por causa desse relativismo.
7- Questão 37 - ENEM2015
Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade
de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os
sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos
mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e a montanha, que já conhecíamos.
Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude
a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a
forma de um cavalo, animal que nos é familiar.
HUME. D. Investigação sobre o
entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
Hume estabelece um
vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que
a) os conteúdos das
ideias no intelecto tem origem na sensação.
b) o espírito é capaz
de classificar os dados da percepção sensível.
c) as ideias fracas
resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.
d) os sentimentos
ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória.
e) as ideias têm como
fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos empíricamente.
A questão envolve
filosofia moderna, o Empirismo, teoria do conhecimento, etc.
A resposta correta é a alternativa E. Para Hume, as ideias e impressões
são nossos conteúdos mentais. As impressões resultam diretamente da experiência
imediata; e as ideias são as cópias fracas e desbotadas das impressões. Para o
filósofo o acaso, não passando de um efeito aparente de uma causa desconhecida
e oculta.
8- Questão 40 - ENEM2015
Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está
esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e,
como que paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já,
salienta-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, o único modo pelo
qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude
do simples ajustamento ou acomodação, aprendendo temas e tarefas de sua época.
FREIRE. P. Educação como prática
da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
Paulo Freire defende
que a superação das dificuldades e a apreensão da realidade atual será obtida
pelo(a)
a) desenvolvimento do
pensamento autônomo.
b) obtenção de
qualificação profissional.
c) resgate de valores
tradicionais.
d) realização de
desejos pessoais.
e) aumento da renda
familiar.
Temas relacionados à
filosofia contemporânea são trabalhados nesta questão. Dentre eles, a crise da
razão, a subjetividade e os desafios da atualidade.
A alternativa correta é a letra A. O enunciado da
questão nos remete à necessidade de um pensamento autônomo capaz de permitir
que o ser humano possa, por autocrítica, superar os problemas existentes em sua
época e alcançar de fato a liberdade.
Questões do ENEM de Filosofia dos anos anteriores.
Questão 01
A ética
precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente
retomado e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e social. A
ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por
todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos. A
relação entre ética e política é também uma questão de educação e luta pela
soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir
da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática
política.
CORDI et al. Para filosofar. São
Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
O Século
XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de
diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e contradições da realidade.
Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como
A)
instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos
passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos. X
B)
mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem
ser ético e virtuoso.
C)
meio para resolver os conflitos sociais no cenário da
globalização, pois a partir do entendimento do que é efetivamente a ética, a
política internacional se realiza.
D)
parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos
interesses e ação privada dos cidadãos.
E)
aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que
busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades.
resolução
De acordo
com o texto de Cordi, a ética é produzida através das relações interpessoais
tendo como objetivo estabelecer o respeito entre indivíduos. Para
enfrentar problemas inerentes à sociedade e evitar conflitos, os indivíduos
necessitam agir de acordo com os interesses da comunidade em que vive.
Questão 02
Na ética
contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e
absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente
os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire
um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser
vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se
entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de
avaliação dos valores que atravessam as relações sociais e que interliga os
indivíduos entre si.
SEVERINO. A. J. Filosofia. São
Paulo: Cortez, 1992 (adaptado).
O texto,
ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade
contemporânea, ressalta
A)
os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-partidárias.
B)
o valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos.
C)
a sistematização de valores desassociados da cultura.
D)
o sentido coletivo e político das ações humanas individuais. X
E)
o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente.
resolução
O texto
de J. Severino demonstra que o homem contemporâneo não pode ser entendido de
forma que não o considere como um sujeito histórico-social, ou seja, dissociado
de seu tempo e da sociedade em que vive. Dessa maneira, a firmação da ética
contemporânea só pode ser compreendida relacionando o indivíduo à sociedade em
que vive, em outras palavras, no sentido coletivo.
Questão
3 - ENEM 2011
“A ética exige um governo que defenda a igualdade
entre os cidadãos, a qual constitui a base da pátria. Sem ela, muitos
indivíduos não se sentem em casa, mas vivem como estrangeiros em seu próprio
lugar de nascimento.” (SILVA, R. R. Ética, defesa nacional, cooperação dos
povos)
Os pressupostos éticos são essenciais para a
estruturação política e a integração de indivíduos em uma sociedade. Segundo o
texto, a ética corresponde a
A)
valores e
costumes partilhados pela maioria da sociedade. X
B)
preceitos
normativos impostos pela coação das leis.
C)
normas
próprias determinadas pelo governo de um país.
D)
transferência
dos valores familiares para a esfera social.
E)
proibição
da interferência de estrangeiros na pátria de cada um.
QUESTÃO 4
Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra
de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas.
Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm
tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo
furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são
corredios. (CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela históriado
Brasil: documentos).
O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de
Caminha, documento fundamental para a formação da identidade brasileira.
Tratando da relação que, desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre
portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a
A)
preocupação
em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à
ocupação da terra.
B)
postura
etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais
do indígena. X
C)
orientação
da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de
obra para colonizar a nova terra.
D)
oposição
de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho
catequético e exigia amplos recursos para a defesa recursos para a defesa da
posse da nova terra.
E)
abundância
da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses
mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.
QUESTÃO 5
Os cruzados avançavam em silencio, encontrando por
todas as partes ossadas humanas, trapos e bandeiras. No meio desse quadro
sinistro, não puderam ver, sem estremecer de dor, o acampamento onde Gauthier
havia deixado as mulheres e crianças. La, os cristãos tinham sido surpreendidos
pelos muçulmanos, mesmo no momento em que os sacerdotes celebravam o sacrifício
da Missa. As mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a fraqueza ou a
doença conservava sob as tendas, perseguidos até os altares, tinham sido levados
para a escravidão ou imolados por um inimigo cruel. A multidão dos cristãos,
massacrada naquele lugar, tinha ficado sem sepultura. (J. F. Michaud. História
das cruzadas)
Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de
Chaaban, do ano de 492 da Hegira, que os franj* se apossaram da Cidade Santa, após
um sitio de 40 dias. Os exilados ainda tremem cada vez que falam nisso, seu
olhar se esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos aqueles guerreiros
louros, protegidos de armaduras, que espelham pelas ruas o sabre cortante,
desembainhado, degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as casas,
saqueando as mesquitas.
*franj =
cruzados.
(Amin Maalouf. As Cruzadas vistas pelos árabes)
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos
textos acima, que tratam das Cruzadas.
I Os textos referem-se ao mesmo assunto — as
Cruzadas, ocorridas no período medieval —, mas apresentam visões distintas
sobre a realidade dos conflitos religiosos desse período histórico.
II Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos entre cristãos e
muçulmanos durante a Idade Média e revelam como a violência contra mulheres e
crianças era pratica comum entre adversários.
III Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruzadas medievais e revelam
como as disputas dessa época, apesar de ter havido alguns confrontos militares,
foram resolvidas com base na ideia do respeito e da tolerância cultural e
religiosa.
E correto apenas o que se afirma em
A)
I.
B)
II.
C)
III.
D)
I e II. X
E)
II e III.
QUESTÃO 6
No início do século XIX, o naturalista alemão Carl
Von Martius esteve no Brasil em missão cientifica para fazer observações sobre
a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao
indígena, ele afirmou:
“Permanecendo em grau inferior da humanidade,
moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o
excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (…). Esse
estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o presente, tem feito
fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa
vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz.” (Carl Von Martius. O
estado do direito entre os autóctones do Brasil)
Com base nessa descrição, conclui-se que o
naturalista Von Martius
A)
apoiava a
independência do Novo Mundo, acreditando que os índios, diferentemente do que
fazia a missão européia, respeitavam a flora e a fauna do pais.
B)
discriminava
preconceituosamente as populações originarias da América e advogava o
extermínio dos índios.
C)
defendia
uma posição progressista para o século XIX: a de tornar o indígena cidadão
satisfeito e feliz.
D)
procurava
impedir o processo de aculturação, ao descrever cientificamente a cultura das
populações originarias da América.
E)
desvalorizava
os patrimônios étnicos e culturais das sociedades indígenas e reforçava a
missão “civilizadora europeia”, típica do século XIX. X
QUESTÃO 7
Um cidadão é um indivíduo que pode participar no
judiciário e na autoridade, isto é, nos cargos públicos e na administração
política e legal. (ARISTÓTELES. Política)
O termo “cidadania” é polissêmico. Pode-se
depreender que, no texto de Aristóteles, a palavra “cidadão” significa “o
indivíduo que…”
A)
contribui
para melhorar as condições sociais dos mais desfavorecidos.
B)
não se
omite nas escolhas importantes da comunidade.
C)
age em
prol de um futuro melhor para toda a humanidade.
D)
pode
legalmente influenciar o futuro da comunidade. X
E)
é
reconhecido como exemplo para toda a sociedade.
QUESTÃO 8
A constituição dos dias atuais é a que se segue. Os
homens que são filhos de pai e mãe cidadãos têm direito à cidadania completa e
são inscritos na lista de seus concidadãos nos demos quando completam dezoito
anos de idade. Depois de registrados, os membros do demo votam, sob juramento,
primeiro: quais deles consideram ter, de fato, atingido a idade legal e os que
não a atingiram retornam ao status de criança; segundo: quais os homens que são
livres e nascidos como a lei prescreve. Se decidem que um homem não é livre,
ele pode apelar para o tribunal, enquanto os concidadãos do demo elegem cinco
de seu grupo como acusadores; se for decidido que o julgado não tem direito de
ser registrado como cidadão, a cidade o vende como escravo, mas se ele vencer a
causa os representantes do demo são obrigados a registrá-lo. (ARISTÓTELES. A
Constituição de Atenas)
O texto de Aristóteles representa a definição do
cidadão em Atenas no século IV a.C. Uma diferença entre o conceito antigo e o
moderno de cidadania refere-se a:
A)
a profissão
dos indivíduos.
B)
a
ideologia dos indivíduos.
C)
as posses
dos indivíduos.
D)
o gênero
dos indivíduos. X
E)
a raça
dos indivíduos.
QUESTÃO 9
Um aspecto importante derivado da natureza
histórica da cidadania é que esta se desenvolveu dentro do fenômeno, também
histórico, a que se denomina Estado-nação. Nessa perspectiva, a construção da
cidadania na modernidade tem a ver com a relação das pessoas com o Estado e com
a nação. (CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho)
Considerando-se a reflexão acima, um exemplo
relacionado a essa perspectiva de construção da cidadania é encontrado
A)
em D.
Pedro I, que concedeu amplos direitos sociais aos trabalhadores, posteriormente
ampliados por Getúlio Vargas com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). X
B)
na
independência, que abriu caminho para a democracia e a liberdade, ampliando o
direito político de votar aos cidadãos brasileiros, inclusive às mulheres.
C)
no fato
de os direitos civis terem sido prejudicados pela Constituição de 1988, que
desprezou os grandes avanços que, nessa área, havia estabelecido a Constituição
anterior.
D)
no Código
de Defesa do Consumidor, ao pretender reforçar uma tendência que se anunciava
na área dos direitos civis desde a primeira constituição republicana.
E)
na
Constituição de 1988, que, pela primeira vez na história do país, definiu o
racismo como crime inafiançável e imprescritível, alargando o alcance dos
direitos civis.
QUESTÃO 10
A política implica o envolvimento da comunidade
cívica na definição do interesse público. Vale dizer, portanto, que o cenário
original da política, no lugar de uma relação vertical e intransponível entre
soberanos e súditos na qual a força e a capacidade de impor o medo exercem
papel fundamental, sustenta-se em um experimento horizontal. Igualdade
política, acesso pleno ao uso da palavra e ausência de medo constituem as suas
cláusulas pétreas. (LESSA, R. Sobre a invenção da política)
A organização da sociedade no espaço é um processo
histórico-geográfico, articulado ao desenvolvimento das técnicas, à utilização
dos recursos naturais e à produção de objetos industrializamos. Política é,
portanto, uma organização dinâmica e complexa, possível apenas pela existência
de determinados conjuntos de leis e regras, que regulam a vida em sociedade.
Nesse contexto, a participação coletiva é
A)
necessária
para que prevaleça a autonomia social. X
B)
imprescindível
para uma sociedade livre de conflitos.
C)
decisiva
para tornar a cidade atraente para os investimentos.
D)
indispensável
para a construção de uma imagem de cidade ideal.
E)
indissociável
dos avanços técnicos que proporcionam aumento na oferta de empregos.
QUESTÃO 11
Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor
conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos
não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de
vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco
devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável
ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”.
(VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado)
O trecho, retirado da obra Política, de
Aristóteles, permite compreender que a cidadania
A)
possui
uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos
de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos
tem de trabalhar.
B)
era
entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de
uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. X
C)
estava
vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava
todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
D)
tinha
profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos
deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais.
E)
vivida
pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e
que tinham tempo para resolver os problemas da cidade.
QUESTÃO 12
A definição de eleitor foi tema de artigos nas
Constituições brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a Constituição da República
dos Estados Unidos do Brasil de 1891:
Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21
anos que se alistarem na forma da lei.
A Constituição da República dos Estados Unidos do
Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que:
Art. 180.
São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se
alistarem na forma da lei.
Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores,
depreende-se que
A a
Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade mínima para votar.
B a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos, referia-se também às
mulheres.
C os textos de ambas as Cartas permitiam que qualquer cidadão fosse eleitor.
D o texto da carta de 1891 já permitia o voto feminino.
E a Constituição de 1891 considerava eleitores apenas indivíduos do sexo
masculino.
QUESTÃO 13
O fenômeno da escravidão, ou seja, da imposição do
trabalho compulsório a um indivíduo ou a uma coletividade, por parte de outro
indivíduo ou coletividade, é algo muito antigo e, nesses termos, acompanhou a
história da Antiguidade até o séc. XIX. Todavia, percebe-se que tanto o status
quanto o tratamento dos escravos variou muito da Antiguidade greco-romana até o
século XIX em questões ligadas à divisão do trabalho.
As variações mencionadas dizem respeito
A ao
caráter étnico da escravidão antiga, pois certas etnias eram escravizadas em
virtude de preconceitos sociais.
B à especialização do trabalho escravo na Antiguidade, pois certos ofícios de
prestígio eram frequentemente realizados por escravos.
C ao uso dos escravos para a atividade agroexportadora, tanto na Antiguidade
quanto no mundo moderno, pois o caráter étnico determinou a diversidade de
tratamento.
D à absoluta desqualificação dos escravos para trabalhos mais sofisticados e à
violência em seu tratamento, independentemente das questões étnicas.
E ao aspecto étnico presente em todas as formas de escravidão, pois o escravo
era, na Antiguidade greco-romana, como no mundo moderno, considerado uma raça
inferior.
QUESTÃO 14
O morador de rua Manoel Menezes da Silva, 68, teve
garantido pela Justiça seu direito de transitar livremente pelas ruas de São
Paulo e permanecer onde desejar.
O idoso, que costumava dormir em uma praça da Vila
Nova Conceição, área nobre da capital paulista, e acabou no Hospital
Psiquiátrico Pinel em meio à pressão de alguns vizinhos contra seu mau cheiro,
pode agora “ir, vir e ficar sem qualquer restrição ou impedimento por quem quer
que seja”, conforme decisão da juíza Luciane Jabur Figueiredo, do Dipo
(Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária). (IZIDORO, Alencar.
Estranho no Paraíso. Folha de S. Paulo, 19/07/05)
Segundo a concepção jusnaturalista, a decisão da
juíza Luciane Jabour Figueiredo a respeito do morador de rua Manoel Menezes da
Silva foi:
A
derivada de uma disputa entre classes sociais com o desfecho positivo para a
classe oprimida.
B errada, pois os moradores da Vila Nova Conceição têm o direito de manter a
segurança de sua propriedade privada.
C errada, pois tanto os moradores da Vila Nova Conceição quanto os moradores de
rua têm o direito de definir livremente quem pode permanecer naquela
localidade.
D acertada, pois tanto os moradores da Vila Nova Conceição quanto os moradores
de rua têm o direito de definir livremente quem pode permanecer naquela
localidade.
E acertada, pois o direito de ir e vir é dado pela própria natureza.
QUESTÃO 15
Assim, essa lei da razão torna o cervo propriedade
do índio que o abateu; permite-se que os bens pertençam àqueles que lhes dedicou
seu trabalho, mesmo que antes fossem direito comum de todos. E entre aqueles
que se consideram a parte civilizada da humanidade, que fizeram e multiplicaram
leis positivas para determinar a propriedade, essa lei original da natureza que
determina o início da propriedade sobre aquilo que era antes comum continua em
vigor. E, em virtude dela, qualquer peixe que alguém pesque no oceano, esse
grande bem comum ainda remanescente da humanidade, (…) é transformado em
propriedade daquele que para tal dedicou seus esforços. (LOCKE, John. Segundo
Tratado sobre o Governo)
Enquanto os homens se contentaram com as suas
cabanas rústicas, enquanto se limitaram a coser suas roupas de peles com
espinhos ou arestas de pau, a se enfeitarem com plumas e conchas, a pintar o
corpo de diversas cores (…); em uma palavra, enquanto se aplicaram
exclusivamente a obras que um só podia fazer, e a artes que não necessitavam o
concurso de muitas mãos, viveram livres, sãos, bons e felizes ,tanto quanto
podiam ser pela sua natureza, e continuaram a gozar entre si das doçuras de uma
convivência independente. Mas, desde o instante que um homem teve necessidade
do socorro de outro; desde que perceberam que era útil a um só ter provisões
para dois, a igualdade desapareceu, a propriedade se introduziu, o trabalho
tornou-se necessário e as vastas florestas se transformaram em campos risonhos
que foi preciso regar com o suor dos homens, e nos quais, em breve, se viram
germinar a escravidão e a miséria, a crescer com as colheitas. (ROUSSEAU, Jean-Jacques.
Discurso sobre a Desigualdade entre os Homens)
Os trechos acima, de John Locke (1632-1704) e de
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), foram retirados de livros muito influentes
no Ocidente. A respeito das ideias contidas nos textos, podemos dizer que
A
abordam o mesmo tema, chegando a conclusões similares sobre o conceito de
“propriedade”.
B contribuíram para a formulação de duas teorias sociais e políticas opostas: o
liberalismo e o socialismo.
C repudiam, por meio de argumentos consistentes, a necessidade da propriedade
privada.
D defendem, por meio de argumentos consistentes, a necessidade da propriedade
privada.
E apontam para a necessidade de preservar as culturas tradicionais, como a
cultura indígena.
QUESTÃO 16
Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas,
pestes, fome, guerras sanguinárias, superstições, crueldade. Para outros, uma
época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas, guerras honradas, torneios,
grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média “má” e uma Idade Média “boa”. Tal disparidade
de apreciações com relação a esse período da História se deve
A ao
Renascimento, que começou a valorizar a comprovação documental do passado,
formando acervos documentais que mostram tanto a realidade “boa” quanto a “má”.
B à tradição iluminista, que usou a Idade Média como contraponto a seus valores
racionalistas, e ao Romantismo, que pretendia ressaltar as “boas” origens das
nações.
C à indústria de videojogos e cinema, que encontrou uma fonte de inspiração
nessa mistura de fantasia e realidade, construindo uma visão falseada do real.
D ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da Idade Média, e ao
marxismo, que denunciou o lado negativo do modo de produção feudal.
E à religião, que com sua visão dualista e maniqueísta do mundo alimentou tais
interpretações sobre a Idade Média.
QUESTÃO 17
O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a
reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com
uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita
piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. (MAQUIAVEL,
N. O Príncipe)
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe,
reflexão sobre a Monarquia e a função do governante.
A manutenção da ordem social, segundo esse autor,
baseava-se na
A inércia
do julgamento de crimes polêmicos.
B bondade em relação ao comportamento dos mercenários.
C compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
D neutralidade diante da condenação dos servos.
E conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe.
QUESTÃO 18
Não é necessário a um príncipe ter todas as
qualidades mencionadas, mas é indispensável que pareça tê-las. Direi, até, que,
se as possuir, o uso constante deles resultará em detrimento seu, e que ao
contrário, se não as possuir, mas afetar possuí-las, colherá benefícios. Daí a
conveniência de parecer clemente, leal, humano, religioso, íntegro e, ainda de
ser tudo isso, contanto que, em caso de necessidade, saiba tornar-se o inverso…
Por isso, é mister que ele tenha um espírito pronto a se adaptar às variações
das circunstâncias e da fortuna e, como disse antes, a manter-se tanto quanto
possível no caminho do bem, mas pronto igualmente a enveredar pelo do mal,
quando for necessário. (MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe)
No trecho acima, escrito no século XVI, o autor
refere-se à atitude que um príncipe deve tomar em relação à escolha entre o bem
e o mal. O texto
A defende
a separação entre a moral política e a moral religiosa.
B evidencia que os príncipes devem apenas pensar em aumentar sua riqueza.
C afirma que é necessário que o príncipe sempre seja clemente, leal, humano,
religioso e íntegro.
D indica a importância de agir religiosamente, ainda que as circunstâncias
tornem esse caminho difícil.
E demonstra a necessidade da educação moral na formação do governante.
QUESTÃO 19
O Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José I,
considerava os jesuítas como inimigos, também porque, no Brasil, eles
catequizavam os índios em aldeamentos autônomos, empregando a assim chamada
língua geral. Em 1755, Dom José I aboliu a escravidão do índio no Brasil, o que
modificou os aldeamentos e enfraqueceu os jesuítas.
Em 1863, Abraham Lincoln, o presidente dos Estados
Unidos, aboliu a escravidão em todas as regiões do Sul daquele país que ainda
estavam militarmente rebeladas contra a União em decorrência da Guerra de
Secessão. Com esse ato, ele enfraqueceu a causa do Sul, de base agrária,
favorável à manutenção da escravidão. A abolição final da escravatura ocorreu
em 1865, nos Estados Unidos, e em 1888 no Brasil.
Nos dois casos de abolição de escravatura,
observam-se motivações semelhantes, tais como
A razões
estratégicas de chefes de Estado interessados em prejudicar adversários, para
afirmar sua atuação política.
B fatores culturais comuns aos jesuítas e aos rebeldes do Sul, contrários ao
estabelecimento de um governo central.
C cumprimento de promessas humanitárias de liberdade e igualdade feitas pelos
citados chefes de Estado.
D eliminação do uso de línguas diferentes do idioma oficial reconhecido pelo
Estado.
E resistência à influência da religião católica, comum aos jesuítas e aos
rebeldes do sul.
QUESTÃO 20
Ato Institucional no. 5 de 13 de dezembro de 1968
Art. 10 – Fica suspensa a garantia de habeas
corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem
econômica e social e a economia popular.
Art. 11 – Excluem-se de qualquer apreciação
judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato Institucional e seus
Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
O Ato Institucional no. 5 é considerado por muitos
autores como um “golpe dentro do golpe”. Nos artigos do AI-5 selecionados, o
governo militar procurou limitar a atuação do Poder Judiciário, porque isso
significava
A a
substituição da Constituição de 1967.
B o início do processo de distensão política.
C a garantia legal para o autoritarismo dos juízes.
D a ampliação dos poderes nas mãos do Executivo.
E a revogação dos instrumentos jurídicos implantados durante o golpe de 1964.
QUESTÃO 21
Judiciário contribuiu com ditadura no Chile, diz
Juiz Guzmán Tapia
As cortes de apelação rejeitaram
mais de 10 mil habeas corpus nos casos das pessoas desaparecidas. Nos tribunais
militares, todas as causas foram concluídas com suspensões temporárias ou
definitivas, e os desaparecimentos políticos tiveram apenas trâmite formal na
Justiça. Assim, o Poder Judiciário contribuiu para que os agentes estatais
ficassem impunes. (Disponível em: http://www.cartamaior.com.br.Acesso em: 20 jul. 2010)
Segundo o texto, durante a ditadura chilena na
década de1970, a relação entre os poderes Executivo e Judiciário
caracterizava-se pela
A
preservação da autonomia institucional entre os poderes.
B valorização da atuação independente de alguns juízes.
C manutenção da interferência jurídica nos atos executivos.
D transferência das funções dos juízes para o chefe de Estado.
E subordinação do poder judiciário aos interesses políticos dominantes
QUESTÃO 22
Em 4 de
julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente a constituir os
Estados Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e justificavam a
ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época,
afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis:
o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o poder
dos governantes, aos quais cabia
a defesa daqueles direitos, derivava dos governados. Esses conceitos
revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com maior vigor e
amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França. (Emília Viotti da Costa)
Considerando o texto acima, acerca da independência
dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção correta.
A A
independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto
histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos.
B O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento de
independência norte-americana no apoio ao absolutismo esclarecido.
C Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam a luta pelo
reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade humana.
D Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no
desencadeamento da independência norte-americana.
E Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho para as
independências das colônias ibéricas situadas na América.
QUESTÃO 23
Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu
as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA:
“A opinião pública norte-americana é
particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à
busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao
sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão
de honra”.
(TOCQUEVILLE, A. Democracy in America)
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte-americanos
do seu tempo
A
buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas.
B tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido.
C valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento ético.
D relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso econômico.
E acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia doméstica.
QUESTÃO 24
Na democracia estadunidense, os cidadãos são incluídos
na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia
geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito
não seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena
propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir
socialmente os cidadãos é
A
submeter o indivíduo à proteção do governo.
B hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
C estimular a formação de propriedades comunais.
D vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
E defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham propriedades.
QUESTÃO 25
Democracia: “regime político no qual a soberania é
exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.” (JAPIASSÚ, H.;
MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia)
Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um
contexto democrático, tem por objetivo
A impedir
a contratação de familiares para o serviço público.
B reduzir a ação das instituições constitucionais.
C combater a distribuição equilibrada de poder.
D evitar a escolha de governantes autoritários.
E restringir a atuação do Parlamento
QUESTÃO 26
Este é o maior perigo que hoje ameaça a
civilização: a estatificação da vida, o intervencionismo do Estado, a absorção
de toda espontaneidade social pelo Estado; isto é, a anulação da espontaneidade
histórica, que definitivamente sustenta, nutre e empurra os destinos humanos. (ORTEGA
Y GASSET, José. A Rebelião das Massas)
Em A Rebelião das Massas, o filósofo espanhol
Ortega y Gasset apresenta uma crítica da cultura social e política do século
XX. A partir do trecho selecionado, é possível afirmar que Ortega y Gasset
A defende
que a anulação da espontaneidade histórica é a solução para o maior perigo que
hoje ameaça a civilização.
B critica a espontaneidade histórica, que pretende injustificadamente
sustentar, nutrir e empurrar os destinos humanos.
C propõe que o maior perigo à civilização é o abandono dos esforços de
estatificação da vida, do intervencionismo do Estado e da absorção de toda
espontaneidade social pelo Estado.
D defende uma concepção socialista de sociedade.
E defende uma concepção liberal de sociedade.
QUESTÃO 27
A primeira metade do século XX foi marcada por
conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da
história humana.
Entre os principais fatores que estiveram na origem
dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão
A a crise
do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo.
B o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida
nuclear.
C o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana.
D a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético.
E a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha.
QUESTÃO 28
Os regimes totalitários da primeira metade do
século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa
de ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens
deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que
era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e
a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e
Portugal.
A atuação desses movimentos juvenis
caracterizava-se
A pelo sectarismo e pela forma violenta e radical
com que enfrentavam os opositores ao regime.
B pelas propostas de conscientização da população acerca dos seus direitos como
cidadãos.
C pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os jovens como
exemplos a seguir.
D pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens idealistas e velhas
lideranças conservadoras.
E pelos métodos políticos populistas e pela organização de comícios
multitudinários.
QUESTÃO 29
Ocorreu-me (…) de falar de “utopia invertida”, após
ter constatado que uma grandiosa utopia igualitária, a comunista, acalentada
por séculos, traduziu-se em seu contrário na primeira tentativa histórica de
realizá-la. Nenhuma das cidades ideais descritas pelos filósofos foi proposta
como modelo a ser colocado em prática. Platão sabia que a república ideal, da
qual havia falado com seus amigos e discípulos, não estava destinada a existir
em algum lugar, mas apenas era verdadeira, como Glauco diz a Sócrates, “em nossos
discursos”. No entanto, na primeira vez em que uma utopia igualitária entrou na
história, passando do reino dos “discursos” para o reino das coisas, acabou por
se transformar em seu contrário. (BOBBIO, Norberto. Direita e esquerda)
“Utopia” significa, em grego, “não-lugar”, “lugar
inexistente”. Ao discorrer sobre a utopia, Norberto Bobbio enfatiza
A a
contradição entre a utopia igualitária e o regime político comunista soviético.
B o regime político soviético como modelo para as utopias igualitaristas da
história antiga.
C a oposição entre a utopia igualitária e a República de Platão.
D o socialismo utópico realizado na Antiguidade por Platão.
E a perfeita realização da utopia igualitária na história por meio do regime
comunista soviético.
QUESTÃO 30
“Nossa discussão será adequada se tiver tanta
clareza quanto comporta o assunto, pois não se deve exigir a precisão em todos
os raciocínios por igual, assim como não se deve buscá-la nos produtos de todas
as artes mecânicas. Ora, as ações belas e justas, que a ciência política
investiga, admitem grande variedade e flutuações de opinião, de forma que se
pode considerá-las como existindo por convenção apenas, e não por natureza. E
em torno dos bens há uma flutuação semelhante, pelo fato de serem prejudiciais
a muitos: houve, por exemplo, quem perecesse devido à sua riqueza, e outros por
causa da sua coragem. Ao tratar, pois, de tais assuntos, e partindo de tais
premissas, devemos contentar-nos em indicar a verdade aproximadamente e em
linhas gerais; e ao falar de coisas que são verdadeiras apenas em sua maior
parte e com base em premissas da mesma espécie, só poderemos tirar conclusões
da mesma natureza. E é dentro do mesmo espírito que cada proposição deverá ser
recebida, pois é próprio do homem culto buscar a precisão, em cada gênero de
coisas, apenas na medida em que o admita a natureza do assunto.” (Aristóteles.
Ética a Nicômaco)
No texto acima, o filósofo Aristóteles explica que
A o
método da ciência política é dialético, isto é, parte de opiniões comuns aceitas
pela maioria ou pelos sábios.
B não há resposta objetiva em questões morais.
C a finalidade da ética e da ciência política é a ação, não a verdade.
D é necessário buscar a verdade absoluta ao resolver problemas morais.
E a teoria política possui um método tão exato quanto o da matemática.
Gabarito das questões do ENEM de 2015 = 1-C; 2-C; 3-A; 4-C; 5-C; 6-D; 7-E; 8-A.
Pessoal aí está o
gabarito das 30 questões Filosofia para ENEM. Bom estudo!
Questão 11, letra E.
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